Paraguaçu

Os índios da tribo “Mandibóias”, que significa “cobra enrolada para o bote”, do grupo tupi-guarani, de nação cataguás, foram os primeiros habitantes do lugar denominado Sertões de São Sebastião, onde futuramente despontaria o Município de Paraguaçu.

Os aborígenes não eram antropófagos, porém, valentes e vingativos, e viviam às margens dos rios Sapucaí e Dourado. A presença dos silvícolas neste lugar foi oficialmente registrada no ano de 1597 por Martim Corrêa de Sá, que percorreu nossa região naquela época, juntamente com Henry Baraway e Antony Kniwet.

Em 1790, foram cedidas duas sesmarias, sendo uma para Agostinho Fernandes de Lima Barata e sua esposa Joana Maria de Oliveira, e outra, ao Capitão Manoel Luiz Ferreira do Prado e sua esposa Tereza Maria de Jesus, ambas localizadas às margens dos rios Sapucaí, Dourado, Machado e do Ribeirão Sossegado, atualmente denominado de Ribeirão do Carmo, onde hoje se constituem as cidades de Paraguaçu e Fama.

O sesmeiro Agostinho Fernandes de Lima Barata, natural de Portugal, da cidade de Góes, Bispado de Coimbra, povoou e cultivou rapidamente suas terras, prestando um dos maiores benefícios ao lugar, ao abrir os caminhos para povoados vizinhos como Elói Mendes ( então denominado Morro Preto da Mutuca), Varginha ( então denominado Espírito Santo das Catanduvas), Machado ( então denominado Santo Antônio do Machado) e Alfenas ( então denominado São José e Dores de Alfenas). Agostinho Barata foi pioneiro ao adquirir e transportar de São Paulo para Paraguaçu-MG a maquinaria destinada à montagem de um engenho em sua propriedade na Fazenda da Mata (atual bairro da Mata), o que consignou enorme evolução da sesmaria pelas grandes lavouras de cana-de-açucar existentes, pois, somente em 1885 é que a cafeicultura foi introduzida em nosso município. 

Em 1805 as terras das sesmarias começaram a ser divididas através das cessões de glebas aos interessados, criando aqui o Curato, por exigência do Juiz de Sesmarias de São João Del Rei, responsável pelas sesmarias da região sul mineira. O Bispo Dom Mateus de Abreu Pereira, Bispo de São Paulo naquela época, é considerado o edificador da cidade de Paraguaçu pelo seu incondicional apoio e suas exigências quanto à aquisição de terrenos para o patrimônio público, e quanto à construção da capela e do cemitério, para que os habitantes não mais precisassem de realizar batizados, casamentos, sepultamento de seus mortos e missas em Douradinho; decisões pelas quais o lugarejo adquiriu a sua autonomia mínima.

O casal Maria Rosa de São José e Amaro José do Vale doaram as terras necessárias à formação do patrimônio, com a lavratura definitiva da escritura realizada em 17 de outubro de 1825, cuja cópia foi arquivada na Cúria da Diocese de Guaxupé-MG. O Ex-Prefeito Oscar Ferreira Prado , recebeu uma cópia da mencionada escritura de Dom Hugo Bressane de Araújo, Bispo Diocesano da Campanha-MG.

Em 1810 foi iniciada a construção da primeira capela no arraial, onde hoje localiza-se a Igreja de Nossa Senhora da Aparecida. Em 17 de outubro de 1825, o distrito de Carmo dos Tocos foi desmembrado de Campanha – MG , passando a pertencer a Freguesia de São José e Dores de Alfenas. Em 15 de março de 1840, por disposição da Lei Provincial nº 168, criou-se o Distrito do Carmo da Escaramuça, fazendo parte da Freguesia de Campanha-MG. A partir de 29 de maio de 1848, foi instalada a Freguesia do Carmo da Escaramuça.

Em 1888, foi realizado aqui no Carmo da Escaramuça, o Congresso de Clubes Republicanos, idealizado e coordenado por Francisco Gonçalves Leite e pelo português João Eustáchio da Costa. Em 03 de novembro de 1890, conforme Lei Provincial nº 268, a Freguesia ou o Distrito do Carmo da Escaramuça é desmembrado de Alfenas e anexado à Machado-Santo Antônio do Machado, permanecendo assim por 21 anos até a sua emancipação, em 30 de agosto de 1911. Em 1894 a Freguesia do Carmo da Escaramuça foi elevada à condição de Paróquia do Carmo da Escaramuça, na data de 13 de maio de 1894.


OS PRIMEIROS POVOADORES

Desde a chegada dos pioneiros Agostinho Fernandes de Lima Barata, Manoel Luiz Ferreira do Prado, Flávio Segundo Salles e Amaro José do Vale, Paraguaçu povoou-se rapidamente. Entre milhares de habitantes novos introduzidos nas sesmarias, mencionamos as Famílias: Gonçalves de Souza, Fernandes, Souza Rocha, Goulart, Santos, Marques Viana, Vilas Boas, Palhão, Alves de Deus, Martins Ramos, Silva Dias, Gonçalves Leite, Quintino da Fonseca, Castilho, Alves Neto, Pereira da Fonseca, Pereira, Rodrigues, Tomé, Silvério, Souza Paiva, Silveira Órfão, Caetano Ribeiro, Vieira de Souza, Eustáchio da Costa, Silva Costa, Martins de Melo, Rodrigues da Costa, Teles, Araújo, Pedroso, Silva Passos, Souza Araújo, Oliveira, Brito, Domingues da Costa, Ferreira Pinto, Garcia da Costa, Ferreira Silva, Tavares, Martins Alves, Coelho, Gonçalves, Monteiro, Toledo, Machado, Moreira, Rodrigues da Cunha, Nasser, Rosa, Paiva, Souza Xavier e Silva Toledo.


TOPÔNIMO PARAGUAÇU

O topônimo do município de Paraguaçu desde sua fundação em 1790 até nossos dias, recebeu quatro denominações em sua nomenclatura e duas grafias diferentes de seu nome. O primeiro nome do arraial foi Nossa Senhora do Carmo, que assim permaneceu desde 1790 até 1810. A segunda denominação do lugar foi denominado de Carmo dos Tocos, a partir do ano de 1810, prevalecendo até o ano de 1840. Outro nome que recebeu o povoado foi o de Carmo da Escaramuça, conforme Lei Provincial de Minas Gerais nº 168, de 15 de março de 1840, nomenclatura esta que perpetuou até o ano de 1911.

O último e definitivo nome foi Paraguaçu. O Município foi criado pela Lei Estadual nº 556 de 30 de agosto de 1911, oficializando nesta data a sua emancipação. O topônimo Paraguaçu foi sugestão do então Senador Gaspar Ferreira Lopes que empreendeu inúmeros esforços para a emancipação da localidade.

No contexto da história da cidade, registra-se a grafia de seu nome de duas maneiras: “Paraguassu” e “Paraguaçu”. Pela Portaria Municipal Nº 20 e pelo Decreto Municipal Nº 14, ambos de 20 de outubro de 195l, instrumentos administrativos estes, baixados pelo Prefeito Oscar Ferreira Prado, a grafia do nome da cidade foi oficializada como “Paraguassu”, escrito com dois esses. Por força da Lei Municipal Nº 130, de 11 de novembro de 1952, decretada pela Câmara Municipal e promulgada pelo também Prefeito Oscar Ferreira Prado, confirmou-se a grafia “Paraguassu” (com dois esses). Com o advento da Lei Municipal Nº 520, de 21 de outubro de 1969, aprovada pela Câmara de Vereadores e sancionada pelo Prefeito Agnaldo Salles, revogou-se a Lei Nº 130 de 11/11/1952, passando a grafia do nome do nosso município a ser escrita com “C” cedilha: “Paraguaçu”, o que perdura até nossos dias.

Pela data de emancipação de Paraguaçu, o dia 30 de agosto é o dia de aniversário do município, e de conformidade com a Lei Municipal Nº 512, de 18 de Agosto de 1969, sancionada pelo então Prefeito Municipal Agnaldo Salles, foi fixada esta data como o Dia da Cidade de Paraguaçu e também Feriado Municipal, o que se mantém até os nossos dias. 


COORDENADAS GEOGRÁFICAS E ESTATÍSTICAS

O Município tem a forma de uma península cercada pelos Rios Sapucaí, Machado, Dourado, Ouvidor e pela Represa de Furnas, que é a maior extensão de água em nosso Estado e um dos maiores lagos artificiais do mundo. Por estar localizado ao centro de onde passam esses rios, é chamada de cidade cercada de rios, integrando a bacia hidrográfica do Rio Grande.

O município possui uma área de 419 quilômetros quadrados, com densidade demográfica de 42,5 habitantes por quilômetro quadrado, incluindo o seu único distrito que é Guaipava. O Município limita com as seguintes cidades: Campos Gerais, Três Pontas, Eloi Mendes, Cordislândia, Machado, Alfenas e Fama. Localizada na região do sul do Estado de Minas Gerais, na Micro-região de Furnas, tem latitude sul de 21 graus, 31 minutos e 59 segundos (21º 31’59’’), e longitude W.Gr. de 45 graus, 45 minutos e 59 segundos ( 45º 45’45’’).

O clima da cidade é predominantemente temperado, com chuvas no período dos meses de setembro à abril, possuindo uma pluviosidade média anual de 1.200 milímetros, e com temperatura média anual de 21 graus, média mínima de 13 graus e média máxima de 28 graus. Paraguaçu encontra-se localizada na altitude de 825 metros acima do nível do mar, e destaca-se em seu relevo a Serra da Matinada com 955 metros de altitude, Serra da Concórdia com 950 metros de altitude e a Serra Chapéu de Sol com 900 metros de altitude.As características de seu relevo apresentam-se em 20% plano, 20% montanhoso e 60% ondulado, com a predominância do solo Latossolo Vermelho.

De acordo com o Censo 2000, Paraguaçu é um dos 853 Municípios do Estado de Minas Gerais, possuindo uma população de 18.943 habitantes, sendo 9.565 homens e 9.378 mulheres, distribuídos em 4.387 habitantes na zona rural e 14.556 habitantes na zona urbana, registrando uma taxa de crescimento de l,54% no período de 1996 a 2000. O Município possui 1.173 imóveis rurais atualizados junto ao Incra-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, do Ministério da Agricultura, que ocupam uma área total de 30.897,70 hectares, sendo 880 propriedades classificadas como minifúndios.


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Fonte: Professor Itamar Rodrigues Araújo.


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